Revistas Predatórias: Como Identificar e Evitar Armadilhas na Publicação Científica
Saiba o que são revistas predatórias, como identificá-las, como proteger sua carreira acadêmica de golpes editoriais e como evitar o desperdício dos seus dados.


Imagine passar semanas, ou até meses, escrevendo seu artigo científico. Você encontra uma revista com nome bonito, promessas de publicação rápida e até um e-mail simpático elogiando seu trabalho. Parece bom demais pra ser verdade, né?
É porque provavelmente é mesmo.
Você pode estar caindo numa revista predatória um dos maiores perigos atuais para quem está começando na pesquisa científica.
Neste post, vou te explicar:
O que são essas revistas
Por que elas são perigosas
Como identificá-las com segurança
E o que fazer caso já tenha caído em uma
Se você quer proteger sua pesquisa e sua reputação acadêmica, segue comigo até o final. Bora lá?
📌 O que são revistas predatórias?
Revistas predatórias são periódicos científicos que fingem ser legítimos, mas têm como objetivo principal lucrar com taxas de publicação, sem oferecer os critérios básicos de qualidade acadêmica.
Em vez de revisão por pares, elas publicam quase qualquer coisa — desde que você pague.
🧪 Diferente das revistas sérias, que:
Têm revisores qualificados
Fazem correções técnicas
Seguem critérios éticos
As predatórias:
Aceitam qualquer artigo sem revisar
Cobram valores abusivos de taxa
Exibem indexações falsas ou inventadas
Falsificam nomes de editores renomados
Usam nomes parecidos com revistas sérias
🚨 Por que isso é um problema sério?
Pode parecer inofensivo no início. Afinal, o artigo foi publicado, certo?
Errado. Aqui está o que pode acontecer:
Você perde credibilidade com orientadores, colegas e avaliadores
Seu artigo não será considerado válido em concursos, progressões ou avaliações da CAPES
O conteúdo pode ser removido do ar sem aviso
E o pior: seu nome pode ficar associado a práticas científicas antiéticas
💡 Lembre-se: publicar em revista predatória pode manchar sua carreira acadêmica antes mesmo de ela começar.
🔍 Como identificar uma revista predatória?
Aqui vão sinais claros de alerta para você reconhecer esse tipo de armadilha:
1. Promessa de publicação muito rápida
Se o site promete “publicação em 5 dias” ou algo do tipo, desconfie. O processo real leva semanas (ou até meses) entre revisão, correção e formatação.
2. Falta de revisão por pares
Revistas sérias deixam claro o processo de avaliação por pares. Se não falam nada ou dizem que é “automático”, fuja.
3. Indexações falsas ou duvidosas
Muitas revistas predatórias dizem estar na “Scopus”, “PubMed”, “Web of Science”… mas não estão. Verifique diretamente no site da base de dados.
4. Site amador ou mal traduzido
Erros de português, layout mal feito ou links quebrados são sinais de que o periódico não é confiável.
5. Solicitação direta via e-mail
Se você recebe um e-mail elogiando seu currículo e convidando para publicar, sem você ter pedido… desconfie. As revistas sérias não fazem isso.
6. Cobrança de taxas antecipadas e abusivas
É normal que revistas open access cobrem taxas, mas tudo deve ser explicado com transparência, após a aceitação do artigo.
🧭 Dicas práticas para não cair nessa
✅ Use ferramentas de checagem:
DOAJ: base confiável de revistas de acesso aberto
Scopus: verifique se a revista está indexada
Beall’s List (atualizada): lista colaborativa de editoras predatórias
Qualis CAPES: veja se o periódico tem classificação oficial no seu campo
✅ Consulte seu orientador
Orientadores experientes geralmente reconhecem revistas predatórias de longe. Sempre pergunte antes de submeter.
✅ Veja o ISSN e o DOI
Toda revista séria tem número ISSN válido e gera DOI (Digital Object Identifier) para cada artigo.
😰 Já publiquei em uma revista predatória… e agora?
Respira. Isso acontece com muitos pesquisadores iniciantes, e nem sempre é culpa sua.
Aqui está o que você pode fazer:
Converse com seu orientador imediatamente.
Solicite a retirada do artigo da revista (pode não funcionar, mas vale tentar).
Não envie esse artigo para outra revista sem modificar (isso pode ser considerado autoplágio).
Use a experiência como aprendizado. E siga adiante com mais atenção.
💬 Conclusão: não seja enganado por uma capa bonita
Publicar um artigo científico é um marco na vida de qualquer pesquisador. Por isso, não jogue todo o seu esforço fora por causa de uma decisão apressada.
📌 Antes de submeter:
Pesquise a revista
Verifique as bases
Consulte quem já publicou nela
E, principalmente, valorize sua trajetória acadêmica
A ciência agradece. E sua carreira também. 😉
Foto: Freep!k




❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Toda revista que cobra é predatória?
Não. Muitas revistas sérias cobram taxas (conhecidas como APCs – Article Processing Charges) para manter o acesso aberto. O problema está na falta de revisão e no engano.
2. Onde posso ver se a revista é indexada?
Você pode pesquisar diretamente nas plataformas Scopus, Web of Science, PubMed ou no DOAJ.
3. Como saber se uma revista está no Qualis CAPES?
Acesse https://sucupira.capes.gov.br e procure pela classificação da revista na sua área de avaliação.
4. Existe punição por publicar em revistas predatórias?
Apesar de não haver uma punição formal, as consequências indiretas são graves: rejeição de currículos, perda de credibilidade e prejuízo à avaliação institucional.
5. Posso submeter o mesmo artigo a outra revista depois?
Se ele já foi publicado (mesmo que em revista predatória), não. Isso é considerado publicação duplicada. O ideal é escrever um novo artigo ou reelaborar os dados com outro foco.